Impactos do trabalho voluntário no clima organizacional

Por: Sergio Bialski

Durante esse período de quarentena tenho observado, com frequência, o uso da hashtag “tbt” para evocar fatos e fotos de um passado, não muito distante, em que nem se falava de coronavírus. Fiquei, pois, imaginando cenas que poderiam trazer boas lembranças e, ao mesmo tempo, evocar um sentimento de compartilhamento de experiências relevantes aplicáveis ao mundo corporativo.

Por muito tempo, como Gerente de Comunicação, coordenei o Programa de Voluntariado numa das empresas em que trabalhei e optei, aqui, por reproduzir um texto de minha autoria, nunca antes publicado, que anos atrás escrevi para poder extravasar o impacto do trabalho voluntário no clima organizacional. Espero que neste difícil momento de pandemia possamos, juntos, buscar inspiração em exemplos que possam agregar valor às nossas vidas.

#tbt de alguns anos atrás:

“Algumas experiências de vida deixam marcas profundas em nosso ser. Elas renovam nossa consciência em relação à missão existencial que temos a cumprir, dando-nos a sensação de que é possível redescobrir o que há de melhor nas pessoas.

Se você nunca teve a oportunidade de participar como voluntário, em alguma atividade, pode se perguntar o que leva alguém a doar o seu tempo livre, com os filhos e a família, e dedicá-lo em prol de pessoas que mal conhece. E eu respondo prontamente: trabalho voluntário é pura paixão, resultado de um ato não somente de benevolência e desejo de ajuda ao próximo, mas de uma decisão pessoal de vivenciar a emoção de novas experiências, de poder aprender e crescer com elas, recriar nossos vínculos sociais e perceber que podemos ser mais úteis do que imaginávamos. Ser voluntário é um ato de autodescoberta, plena sabedoria, humildade, quebra de preconceitos. Essa expressão legítima de participação denota a capacidade que todos nós temos de fazer a diferença no mundo, tornando-o mais justo, mais humano, mais solidário.

Já há 12 anos coordeno o Programa de Voluntariado da empresa e centenas de crianças já foram beneficiadas com o amor, o sorriso e o carinho das também centenas de colaboradores da empresa. Não são raras as oportunidades em que se escutam os seguintes comentários dos colaboradores: ‘Nunca imaginei que um sorriso pudesse aliviar tanto a dor de uma criança’ ou ‘cada vez que participo de uma atividade de voluntariado saio com a sensação de que recebi muito mais do que doei’.

Pergunto-me como é possível que apenas um olhar de afeto, uma palavra amiga, um beijo no rosto de uma criança ou um simples abraço apertado tenham um efeito tão transformador, a ponto de subjugar as dificuldades do dia a dia… Só quem participou como voluntário, de experiências como essas, entende o sentimento que, em palavras, tento traduzir.

Uma coisa é certa: quando se começa a desenvolver um trabalho voluntário, não se consegue parar, porque a descoberta de nosso potencial inato de irradiar o bem é uma experiência singular. Em tese, acredito que todos temos propensão ao desenvolvimento de trabalhos voluntários, mas a pergunta é sempre a mesma: de que modo iniciar?

Um programa de voluntariado bem estruturado é uma espécie de ‘aperitivo do bem’, cujo objetivo é despertar esse sentimento de solidariedade em todos. Dar a chance a alguém de se engajar e passar a lutar e acreditar em causas nobres é o melhor combustível para fazer a diferença no mundo e descobrir o que todos buscamos: nosso verdadeiro propósito de vida”.